Inteligência emocional e resiliência para tempos de incerteza

Cenário de crise sanitária impacta a vida pessoal e profissional, mas é possível lidar com as emoções e desafios de forma eficaz  

Quando o coronavírus surgiu, em 2020, foi como um verdadeiro “furacão”. Os primeiros meses pareceram um balde de água fria: tivemos que adaptar – e de forma radical – o trabalho, os estudos e o modo de nos relacionar com as pessoas. Aprendemos a nos reinventar e a lidar com os desafios do isolamento social, do home office e do ensino a distância, conciliar trabalho com ambiente familiar, mas com a expectativa de que logo a situação voltaria a algum tipo de “normal”. No entanto, um ano e três meses depois, seguimos com a terceira onda da pandemia e as expectativas de melhora desse cenário continuam incertas.

Como reflexo desse período, a saúde mental das pessoas foi severamente impactada. Segundo uma pesquisa de 2021 da Universidade de Ohio (EUA), o Brasil lidera os índices de ansiedade e depressão durante a pandemia em comparação com outros dez países. Um outro estudo da Fiocruz, feito em 2020, revelou que 40,4% dos brasileiros se sentem frequentemente tristes ou deprimidos, enquanto 52,6% se sentem ansiosos ou nervosos.

Viver por muito tempo nesta realidade ambígua e complexa tem gerado sentimentos mais negativos, além de um esgotamento físico e mental, falta de esperança e perda de conexão com as pessoas. Isso se reflete também nas organizações, resultando em profissionais desmotivados, cansados, pouco produtivos e inseguros.

Inteligência emocional: resiliência e otimismo

Onde a inteligência emocional se encaixa nesse contexto? Quando falamos sobre IE, nos referimos à capacidade de reconhecer e administrar as próprias emoções, mas também de compreender e lidar com as emoções dos outros. É uma habilidade que, se for bem desenvolvida, nos permite agir de forma consciente em momentos de dificuldade e melhorar os relacionamentos interpessoais.

Resiliência e otimismo são dois fatores importantes da inteligência emocional. Indivíduos resilientes conseguem avaliar as situações de uma forma realista, têm mais facilidade para lidar com os problemas sem ceder à pressão e, além disso, se adaptam com mais facilidade às mudanças em seu meio. Já a visão otimista tende a considerar as dificuldades passageiras e controláveis, encarar as coisas pelo lado positivo e esperar um resultado favorável.

Durante a pandemia, essas duas características da IE têm sido observadas em diferentes níveis. Há pessoas extremamente resilientes, com uma grande capacidade de suportar os desafios, mas que absorvem todas as coisas ruins ao seu redor e não expressam suas angústias. Isso pode causar um “sufocamento” nas próprias emoções. Por outro lado, quem é excessivamente otimista pode cair em uma espécie de ilusão por não enxergar a situação de maneira realista, o que, no fim das contas, também alimenta as frustrações. Por isso, tanto na vida particular quanto na profissional, é preciso construir um equilíbrio entre resiliência e otimismo para desenvolver a inteligência emocional.

Gestão das emoções para o desenvolvimento humano e organizacional

No âmbito pessoal, o primeiro passo é entender que não podemos controlar tudo. A partir daí, você pode tirar alguns minutos por dia para refletir sobre si mesmo. O autoconhecimento é fundamental para identificarmos nossas emoções e sabermos lidar com elas, seja qual for a circunstância, e para pensarmos no que podemos fazer para melhorar aquilo que está ao nosso alcance.

Os momentos de conexão consigo mesmo são importantes também para encontrar coisas que trazem bem-estar físico e mental, como passar mais tempo com a família, praticar exercícios, meditar, ouvir as músicas favoritas, dormir bem e alimentar-se de forma saudável.

No âmbito familiar, criar momentos de conexão e diálogo, atividades comuns que sejam agradáveis e descontraídas, podem aproximar e criar um espírito de compreensão e apoio mútuo. Crianças não podem ficar de fora destas rodas, pois mesmo parecendo que se adaptam, sofrem também as consequências emocionais do momento que vivemos.

No âmbito profissional, a participação dos gestores faz toda a diferença para o desenvolvimento da inteligência emocional dos indivíduos. Tanto a criação de espaços de diálogo e troca de experiências, em que as pessoas se sintam seguras para falar sobre o que estão sentindo, quanto a realização de conversas individuais com cada colaborador são ações importantes para quem é líder – e elas podem ser feitas presencialmente ou a distância, com o uso de ferramentas digitais.

O foco não pode ser apenas a produtividade: gestores precisam buscar entender o que cada indivíduo sente neste momento e ajudá-los não só a refletir sobre como melhorar o que está ao seu alcance, mas também como reduzir os impactos daquilo que não é controlável. Os resultados disso são pessoas e equipes mais motivadas, empáticas, autoconscientes e emocionalmente preparadas para encarar desafios.

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