Educação das crianças: como encontrar um equilíbrio entre os limites e o apoio?

O desenvolvimento de adultos autoconfiantes, equilibrados e autônomos começa na infância

Educar uma criança não é uma tarefa fácil!

Por um lado, se não estabelecemos regras e limites, o desenvolvimento saudável e o amadurecimento dos pequenos podem ser prejudicados. Por outro, o excesso de disciplina e rigidez pode fazer com que eles não se sintam amados e, por consequência, percam o sentimento de segurança. Mas como encontrar o equilíbrio entre não ser autoritário, nem ser permissivo?

Sabe-se que, ao longo do tempo, a educação das crianças passou por mudanças. Em geral, as gerações antigas eram severas com seus filhos e, muitas vezes, faziam uso da violência física para punir o mau comportamento ou desobediência – uma prática que só favorece a agressividade, conforme aponta uma revisão de 69 estudos publicada na revista científica The Lancet. O diálogo aberto e a comunicação não eram práticas frequentes, pelo menos na maioria das famílias, e os sentimentos e pensamentos dos pequenos costumavam ser ignorados pelos adultos, o que tornava difícil a construção saudável de relações de confiança entre pais e filhos.

Atualmente, psicólogos e estudiosos do desenvolvimento infantil discutem a importância da educação equilibrada, em que os pais estabelecem claramente seus papéis e os limites necessários, sem deixar de lado a amizade, o apoio e o afeto mútuo. Embora não exista uma fórmula mágica para isso, algumas dicas podem ajudar a tornar a tarefa mais leve.

Definir limites: complicado, mas necessário

Quem nunca viu ou já teve contato com uma criança que impõe suas vontades aos pais e faz praticamente tudo que quer? Infelizmente, muitas agem dessa forma por não serem apresentadas às regras, limites e combinados, desde cedo, o que compromete o amadurecimento, tanto emocionalmente quanto socialmente. Essas crianças podem se tornar, se não corrigidas, adultos incapazes de lidar com frustrações e decepções, por exemplo. Viver em um ambiente sem regras também faz com que se possam sentir perdidas e inseguras, pois não identificam a liderança dos pais. Isso favorece a impulsividade ou a dificuldade na tomada de decisões futuramente.

A ausência de disciplina e de firmeza também pode gerar uma disputa de poder exaustiva entre os dois lados: quando os pais ou responsáveis não deixam claro que certos limites precisam ser respeitados, os filhos acreditam ter direito de “bater de frente” e impor o seu desejo constantemente. E outro resultado do excesso de permissividade é igualmente desgaste na relação, que pode piorar ao longo do tempo e impactar negativamente o núcleo familiar..

A imposição de limites é necessária para o crescimento saudável

Por outro lado, alguns pais optam por uma postura autoritária diante dos filhos, sem dar ouvidos às emoções e opiniões da criança. No autoritarismo, as crianças entendem que não podem agir naturalmente e começam a sentir medo de se expressar ou fazer qualquer coisa que desagrade seus responsáveis. Elas podem passar a ter a sensação de incompreensão, se sentindo pouco amadas e respeitadas, e se fecham em seus próprios pensamentos. Com o tempo, perdem a vontade de interagir com a família e de compartilhar sentimentos e acontecimentos de suas vidas. Por outro lado, podem também pela frente mostrar acordo com os pais, e depois nas costas dos pais pensam e atuam diferente.

Além disso, o excesso de disciplina reflete uma falta de confiança mútua. Se a imposição de limites é levada ao extremo pelos pais, eles assumem o papel de controladores e passam a comandar a vida dos filhos, o que transmite a mensagem de não confiança na capacidade de desenvolver a própria autonomia. Da mesma forma, as crianças deixam de confiar em seus responsáveis e de buscar o apoio e a amizade deles para lidar com as dificuldades do dia a dia.

Como encontrar um equilíbrio?

A clareza e a transparência são os primeiros passos para o equilíbrio na educação das crianças. Os responsáveis precisam refletir sobre o seu papel e como contribuem para o desenvolvimento saudável dos pequenos. É necessário entender que eles prejudicam a vida dos filhos quando não exercem a disciplina, mas também quando são autoritários. Por isso, devem ter clareza a respeito dos limites que irão estabelecer e do propósito de cada uma dessas imposições.  Além disso, é preciso que os responsáveis, seja qual for a configuração familiar, estejam em sintonia, pelo menos em relação à educação das crianças. Quando os parceiros desafiam a autoridade um do outro, ou simplesmente não se alinham, a criança se sente perdida e confusa, sem saber a quem escutar e em alguns casos tirando partido e manipulando para ter o que quer, que nem sempre é o mais adequado. É necessário ter alinhamento e combinados prévios de como lidar com as situações do cotidiano.

Os responsáveis precisam estar em sintonia e ser claros em suas orientações

Após definirem essas questões, é importante que os pais comuniquem isso às crianças com sabedoria. Os filhos precisam entender as regras e os motivos por que elas existem: isso facilita a compreensão, o amadurecimento cognitivo e a harmonia familiar. Dessa forma, em casos de desobediências, as crianças sabem por que são repreendidas. É fundamental lembrar também que a disciplina não é o oposto do amor: impor limites não significa maltratar ou deixar de demonstrar afeto com as crianças. Pelo contrário, deixa claro que os pais as amam, cuidam delas, se importam, compreendem, respeitam, escutam e buscam um crescimento saudável e harmônico. Além disso, é importante desafiar os filhos e os estimular a saírem da zona de conforto, sempre de acordo as capacidades cognitivas, físicas e emocionais de cada idade. Na prática, isso significa criar situações de estímulo ao desenvolvimento da autonomia. Esse processo, construído aos poucos, faz diferença para os pequenos se tornarem adultos autoconfiantes, felizes e capazes de construir bons relacionamentos ao longo da vida.

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