Diversidade nas organizações: como colocar em prática?

Mais do que realizar ações pontuais, é importante ter planejamento, participação coletiva e monitoramento de resultados

Não é de hoje que a diversidade está no radar de muitos gestores e empresas no mundo todo. Ela adquiriu uma importância tão grande nos últimos anos que, de acordo com uma pesquisa da consultoria britânica Willis Towers Watson, 90% dos líderes querem tornar o tema uma realidade nas suas organizações até 2023. No entanto, para que o objetivo saia do papel e se concretize, não basta apenas falar: é necessário realizar práticas efetivas e promover uma verdadeira mudança no ambiente corporativo.   

O primeiro passo para alcançar a diversidade nas organizações é compreender o que isso significa. Na prática, trata-se de ter equipes compostas por indivíduos de diferentes raças ou etnias, idades, orientações sexuais e de gênero, nacionalidades ou regiões, formações e experiências, crenças ou culturas, além de pessoas com deficiência (PcD). Porém, para atingir resultados realmente eficazes, o objetivo das empresas não pode ser apenas passar uma imagem positiva para seus clientes ou garantir o cumprimento da lei. Mais do que contratar profissionais com características diversas, é preciso promover a inclusão deles no ambiente de trabalho, o que significa respeitar, valorizar e acolher as diferenças.

Panorama atual da diversidade nas empresas do Brasil

A pesquisa “A diversidade e inclusão nas organizações do Brasil”, realizada em 2019 pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), traz estatísticas de 124 das maiores empresas do país. Segundo o levantamento, “melhorar a imagem e reputação organizacional” é citado por 68% das companhias como o principal motivo que leva à adoção de iniciativas de diversidade, seguido por “contribuir para as mudanças estruturais da sociedade” (63%).  A terceira e a quarta razão são, respectivamente, “aumentar a eficiência interna por meio de uma gama mais ampla de cenários e conjuntos de habilidades” (57%) e “qualificar a cultura organizacional” (54%). Por fim, o último motivo apontado pelas empresas é “desenvolver soluções inovadoras para o negócio” (47%).

A pesquisa também mostra as principais barreiras para as políticas de diversidade e inclusão nas organizações brasileiras. As três dificuldades mais citadas são as “questões orçamentárias” (35%), a “falha em perceber a conexão entre a diversidade e os impulsionadores de negócios” (34%) e a “resistência e falha da gerência intermediária na execução adequada dos programas de diversidade” (30%).


Principais barreiras que prejudicam a estratégia de diversidade e inclusão nas organizações. Fonte: Pesquisa “A diversidade e inclusão nas organizações do Brasil” (2019), da Aberje.

O levantamento também entrevistou 269 profissionais de diversas organizações brasileiras. Mais de metade dessas pessoas (52%) afirmam que seus líderes não ajudam os funcionários a reconhecer preconceitos que promovem discriminação ou exclusão no local de trabalho. Já 45% apontam que seus gestores não agrupam colaboradores com diferentes características de diversidade para trabalharem juntos.

Por que a diversidade é importante?

Com os resultados da pesquisa da Aberje, é possível perceber que a preocupação com a imagem e a reputação ainda é central para as empresas. Porém, esse não é o único benefício que a diversidade e a inclusão trazem: ter equipes mais diversas também possibilita uma troca maior de experiências e aprendizados entre os profissionais, já que cada um traz novas visões de mundo, percepções e ideias com base em suas diferentes vivências. Isso favorece a criação conjunta de soluções inovadoras no âmbito empresarial, o que contribui para a conquista de melhores resultados. Além disso, as políticas de diversidade melhoram o clima organizacional e reduzem conflitos, pois estimulam o respeito mútuo, a empatia, a escuta ativa e a colaboração. Outro fator importante é que um ambiente diverso e inclusivo possibilita o acolhimento e a valorização de todos os profissionais, sem qualquer distinção. Isso contribui para que eles se mantenham motivados, engajados e mentalmente saudáveis no local de trabalho – e, assim, possam ser mais produtivos e eficientes, além de diminuir o turnover.

Ambientes mais diversos e inclusivos melhoram o clima organizacional e a atuação dos profissionais.

Dicas para começar a implementar a diversidade

Como você deve imaginar, boas intenções e atitudes pontuais não são suficientes para criar ambientes com maior diversidade e inclusão: é preciso ter planejamento, visão de longo prazo e acompanhamento constante. O primeiro passo é mapear a realidade da sua empresa. Conhecer a cultura organizacional, o contexto e quem são seus stakeholders internos e externos é fundamental para pensar em práticas que causem impactos positivos, levando a transformação de modelos mentais e de práticas na organização.

A partir disso, é possível definir metas e ações, que devem ser trabalhadas diariamente na organização. Essas práticas precisam ter o envolvimento de todos os colaboradores e, principalmente, a participação ativa dos líderes: afinal, são eles que dão o exemplo para sua equipe.

Sabemos que a cultura de uma organização não se muda do dia para a noite. É necessário um trabalho intensivo, tanto a nível dos indivíduos, como dos processos, que permita identificar e reformular crenças e ‘vieses inconscientes’, que possam estar criando resistências internas, muitas vezes invisíveis e não intencionais. 

Começa por lembrar que não basta contratar pessoas com diferentes características e depois deixá-las de lado no ambiente de trabalho ou obrigá-las a abafar as suas individualidades para se tornarem ‘iguais’. A inclusão, como a parte mais difícil do processo, significa promover o senso de pertencimento em relação à equipe ou organização. Este sentimento de conexão percebido pelos membros das equipes é a real medida do sucesso das ações de D&I. Quando começa a haver credibilidade das intenções genuínas da organização e não apenas por ser bom para a sua imagem, as pessoas se conectam e trazem o seu melhor.

É importante o constante monitoramento das ações, do clima organizacional e dos resultados atingidos com a promoção ativa da diversidade. Por meio desse processo, é possível identificar avanços, valorizando-os e reconhecendo-os, assim como mapear pontos de melhoria e promover mudanças que garantam o sucesso dos resultados para todos.

No fim, Diversidade e Inclusão não são só fatores de sucesso para equipes e organizações, mas também para uma sociedade mais justa e equitativa, nomeadamente em termos de acesso a oportunidades de educação e trabalho. Na medida em que organizações não governamentais começam também a ativamente promover e praticar a diversidade e inclusão, e a obter resultados nisso, vão igualmente contribuir e influenciar a sociedade civil como um todo e os governos a ultrapassar algumas das desigualdades estruturais mais comuns.

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