Desafios para a convivência entre gerações no ambiente de trabalho

Promover uma integração harmoniosa é fundamental para gerar valor e resultados positivos nas organizações

O mercado de trabalho vive um cenário revolucionário no que diz respeito à formação de equipes profissionais: devido a fatores econômicos, sociais e culturais, várias gerações dividem o mesmo espaço e atuam juntas. Nunca como hoje tivemos tantas pessoas de diferentes idades trabalhando simultaneamente. O desafio é que a convivência entre gerações nem sempre é harmoniosa no ambiente organizacional. As diferenças individuais e coletivas podem atrapalhar a integração e gerar conflitos.

Entende-se por geração um grupo de indivíduos que experienciou o mesmo contexto histórico-social e os mesmos problemas concretos e coletivos. Por isso, elas são classificadas de acordo com o período de nascimento e os comportamentos de seus integrantes. Os Baby Boomers e as gerações X, Y e Z são as mais presentes no mercado de trabalho atualmente e, para entender os desafios de convivência entre elas, é importante conhecer as características de cada uma. Continue a leitura e saiba mais!

O que caracteriza as gerações?

Nascidos entre 1940 e 1960, no período pós-Segunda Guerra Mundial, os Baby Boomers não cresceram no mundo acelerado que vivemos hoje. Por esse motivo, podem parecer mais resistentes às mudanças, um fator que faz diferença no ambiente corporativo atual. Na época em que essas pessoas eram jovens, não havia uma variedade grande de profissões disponíveis e o trabalho especializado era extremamente valorizado. Como elas se preocupavam muito em construir patrimônios, até hoje têm tendência a priorizar a estabilidade profissional e a passar muitos anos na mesma empresa e no mesmo cargo.

Já a Geração X é composta por pessoas que nasceram entre 1961 e 1980. O contexto era de Guerra Fria, então esse grupo foi o primeiro a experimentar os avanços tecnológicos. Embora ainda guardem algumas características dos Baby Boomers, esses indivíduos se mostram um pouco mais “livres”. Eles apreciam a estabilidade e se comprometem profissionalmente, mas são muito mais competitivos, dinâmicos e até individualistas, além de terem a tendência de supervalorizar a ascensão da carreira dentro de uma empresa. Seus maiores desafios podem ser lidar com a tecnologia e acompanhar processos de transformações constantes.

Com características próprias e distintas, as gerações podem ter dificuldades para conviver em harmonia

Os Millennials, também conhecidos como Geração Y, nascidos entre 1980 e 1995, cresceram em um mundo globalizado e tecnológico: viram, principalmente, as mudanças trazidas pela internet e a aceleração na circulação de informações. Por isso, são normalmente hiperconectados, mais flexíveis às mudanças, imediatistas, ávidos por inovações e questionadores. No ambiente corporativo, podem parecer mais exigentes em relação às suas funções, menos interessados em hierarquias rígidas e não ter tanto receio de largar um emprego para buscar outra coisa que lhes traga satisfação. Atualmente, representam a nova força de trabalho e de consumo global.

Por fim, a Geração Z encara um mundo ainda mais conectado e virtual do que os Millennials. As pessoas nascidas entre 1995 e 2010, chamadas de “nativos digitais”, parecem extremamente ágeis, multitarefas, independentes, dotados de um forte senso crítico e fluidos no que diz respeito à identidade. Ao mesmo tempo, podem mostrar uma insegurança e descrença maior em relação ao futuro, preocupam-se com a carreira e entendem que um emprego, mesmo que não seja o ideal, é fundamental para a estabilidade financeira mínima. 

Como promover a convivência entre gerações?

Visto que cada geração é marcada por experiências, valores, modelos mentais e visões de mundo diferentes, é muito comum o surgimento de divergências de opiniões quando elas trabalham em conjunto no ambiente organizacional. O conflito não é necessariamente ruim: ele pode ser positivo se agregar valor para o trabalho em equipe e se houver respeito entre todas as partes envolvidas. No entanto, quando não é bem administrado, compromete tanto o profissional quanto os resultados da empresa, e é preciso buscar maneiras eficazes de lidar com a situação.

Em primeiro lugar, é importante ter em mente que manter uma convivência entre gerações de forma harmoniosa não é algo fácil. A tarefa exige um esforço consciente por parte dos colaboradores e da liderança. A dificuldade ou recusa em entender as necessidades do “outro”, o desinteresse em conhecer os valores de cada geração, a ausência de respeito às diversidades – nesse caso, principalmente de idade – e a falta de vontade para ensinar e aprender são alguns fatores que levam ao embate entre os grupos geracionais. Por isso, é necessário que o gestor ou a gestora, responsáveis por dar o exemplo, promovam a criação de um ambiente de segurança psicológica e inclusão, que incentive o diálogo e o respeito. Por meio de conversas equilibradas e assertivas, podem trabalhar habilidades como a paciência, a empatia, a boa comunicação e a tolerância dos profissionais.

Outra função essencial da liderança é a observação. Quando o líder faz perguntas e tem um olhar atento a todos os colaboradores, desde os mais jovens até os mais velhos, consegue compreender quais são as competências que se destacam em cada geração e é possível potencializá-las. Dessa forma, ele extrai as melhores características dos profissionais, o que, além de estimular o engajamento e o comprometimento individuais, contribui para os resultados coletivos dentro da organização.

Também é fundamental que cada colaborador entenda a importância do aprendizado coletivo. Tanto as gerações mais velhas quanto as mais novas têm coisas para ensinar e aprender. A escuta ativa deve ser priorizada no ambiente de trabalho para possibilitar uma convivência equilibrada e, mais do que isso, facilitar a criação de ideias e soluções mais inovadoras em conjunto. Quando diferentes pontos de vista e percepções são discutidos de forma saudável e respeitosa entre as partes envolvidas, há uma possibilidade maior de que essas diferenças se complementem. Assim, agregam valor à organização em vez de representar um obstáculo para o trabalho coletivo e os resultados.

Finalmente, é importante levar em conta que os cuidados a serem tomados nos casos de diferenças geracionais também devem ser aplicados a tudo que é relacionado a equidade, inclusão e diversidade.  

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