Saber gerenciar essas situações de forma positiva pode trazer benefícios para todos
Dar um feedback construtivo a um colaborador, terminar um relacionamento amoroso, criticar um parente por seus hábitos em casa, pedir para um amigo pagar o dinheiro que lhe deve ou dizer a um colega de faculdade que o trabalho dele não está bom: todas essas situações são exemplos de possíveis conflitos vivenciados cotidianamente. Embora sejam comuns, essas conversas precisam ser conduzidas da melhor maneira possível para não desgastar e prejudicar os relacionamentos interpessoais, seja na esfera familiar, amorosa, social, escolar ou profissional. Mas como lidar com elas positivamente e sem causar desavenças permanentes?
Cabe lembrar primeiramente que um conflito ocorre quando há uma possivel divergência percebida de opiniões, expectativas, percepções ou ideias entre duas ou mais pessoas. Essas situações envolvem normalmente um processo emocional, associado a um tema que é importante ou sensível para os envolvidos. Elas podem desencadear sentimentos como raiva, angústia ou mágoa, principalmente se os indivíduos tiverem uma relação próxima e duradoura. Por tudo isto, em conversas difíceis não há como controlar os resultados. A boa notícia é que é possível gerenciar a si mesmo, suas emoções e sua maneira de agir para tornar a comunicação mais eficaz. Continue a leitura para entender melhor!
Tipos de conflito
Situações conflituosas são naturalmente desconfortáveis, mas seus resultados podem ser negativos ou positivos. No primeiro caso, se estabelece um clima de desconfiança e, ao final, surge um sentimento de derrota. Quando uma das pessoas envolvidas “perde” o conflito por abdicar das suas vontades e opiniões em favor do outro, podemos dizer que não houve um resultado eficaz. Se ambos os envolvidos “perdem”, também não se tem uma solução satisfatória, pois isso significa que a situação não foi conduzida de maneira que agregasse valor. Por outro lado, se o conflito traz crescimento, aumento da confiança e da moral, autoconhecimento, amadurecimento psicológico e leva ao aperfeiçoamento pessoal ou profissional, se conclui que ele foi positivo. O resultado é um “ganha-ganha”, ou seja, as partes estabelecem um consenso que traga valor para ambas.
Para chegar ao conflito positivo, um fator primário e importante é ter clareza sobre o objetivo da conversa. Se o propósito é apenas julgar o outro e ter razão no final, é provável que não se tenha um resultado bom. No caso de alguém que se incomoda com a maneira como seu amigo se comunica com ele, por exemplo, é necessário, antes de iniciar a conversa, refletir sobre o objetivo positivo que se quer atingir e por que é importante para os envolvidos e sua relação. Depois, deve-se informá-los a respeito disso. Isso diminui a tensão do conflito e cria um maior alinhamento desde o início.
Além disso, é essencial entender o modelo mental, a personalidade e o contexto de cada indivíduo. Em outras palavras, tentar prever como a outra pessoa irá reagir. Saber quais abordagens e palavras causam sentimentos ruins – como raiva e tristeza – também é importante para evitar os gatilhos emocionais negativos e manter a conversa menos desconfortável. Isso implica na criação de um ambiente de confiança, onde a pessoa não se sinta acusada e, por consequência, não acione suas defesas mentais.
Começar com uma crítica ou julgamento é exemplo de ação que prejudica o diálogo. Em vez de apontar defeitos, é melhor explicar que você busca maneiras de melhorar a relação e deixar claro o impacto que as ações ou comportamentos da outra pessoa causam. Além disso, trazer informações e situações concretas – como citar atitudes que a pessoa teve e compartilhar os impactos dessas atitudes na relação, na equipe, nos resultados ou no processo – sustenta o propósito positivo da conversa, facilita o entendimento e a busca de soluções.
O ideal é buscar uma abordagem que seja, simultaneamente, assertiva e conciliadora, focando em melhoria e construir possibilidades. Assim, pode-se deixar mais claro todos os pontos que incomodam, sem acusar. Isso significa não deixar de se colocar, dando espaço para a outra pessoa também, de forma que, apesar do desconforto, ela se mantenha na conversa. Caso contrário, provavelmente o diálogo encerrará antes mesmo de começar.
Na hora de encontrar soluções para o conflito, a cocriação é fundamental. Encontrar uma saída apenas para um lado não é benéfico, é preciso que haja um alinhamento. Se, durante a conversa, cada pessoa deixar claro o incômodo, é saudável que busquem uma solução em conjunto, que seja satisfatória para ambos e promova o crescimento e aprendizagem.
E os conflitos no ambiente de trabalho?
Todos os fatores que valem para os conflitos pessoais também se aplicam àqueles que acontecem no ambiente profissional. Nesse caso, é importante destacar o papel da liderança. O surgimento de situações conflituosas na equipe é natural, seja por diferenças de opiniões, estilos de trabalho, visões de mundo ou outros motivos. No entanto, antes que isso aconteça, a liderança deve promover um ambiente de segurança, confiança e empatia para que os colaboradores resolvam os próprios conflitos de forma positiva, sem a necessidade de intervenção ou mediação superior.
Se a equipe trabalha em um ambiente de respeito e colaboração, para promover soluções benéficas a todos, há grandes chances dos integrantes, individualmente, lidarem com conflitos da mesma maneira. Isso evita o desgaste nos relacionamentos, possibilita a convivência mais leve e, consequentemente, potencializa os resultados da organização.
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